Tragédia social

O levantamento mostra que a renda média mensal do 1% mais rico da população do país é quase 34 vezes maior em relação a obtida pelos 50% mais pobres.  

A diferença de rendimentos entre pobres e ricos bateu recorde no último ano, segundo pesquisa do IBGE lançada nesta semana. Sinal de que, apesar de esse ser um problema que enfrentamos há mais de 500 anos, estamos a cada dia mais longe de uma resolução.

O levantamento mostra que a renda média mensal do 1% mais rico da população do país é quase 34 vezes maior em relação a obtida pelos 50% mais pobres.  

A disparidade fica ainda mais clara diante dos números brutos: no topo, o rendimento médio é de R$ 27,7 mil. Na metade mais pobre, o valor é R$ 820, menos do que um salário mínimo.

As razões para este problema crônico são muitas. Os tempos de escravidão, ineficiência das políticas sociais, falta de investimentos em educação, saneamento e até favorecimento de grandes conglomerados. 

Nesta segunda-feira, seja por coincidência ou não, o trio que recebeu o prêmio Nobel de Economia, mostrou, por meio de diversos experimentos, maneiras eficientes de combater a pobreza. A solução encontrada? Melhora os indicadores básicos relacionados à educação e à saúde de crianças. 

As ações, neste caso, foram aplicadas no Quênia e na Índia, que apesar de parecerem terras distantes, não diferem muito da situação do Brasil, que já tem problemas nos primeiros anos de vida escolar.

Aqui, o número do CEP, a cor da pele e a escola frequentada são determinantes nas suas chances de uma colocação digna no mercado de trabalho.

No curta-metragem e relatório “Frutas doces, Vidas Amargas”, a OXFam Brasil faz um retrato sobre a desigualdade, apontando péssimas condições de trabalho, pobreza e sofrimento para milhões de homens e mulheres que muitas vezes são responsáveis pela comida nas nossas mesas, mas que muitas vezes mal têm o que comer.

Atualmente, cerca de 15,2 milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza e mais de 11 milhões não sabem ler ou escrever. Nos rankings globais de aprendizado, temos pouco a nos orgulhar.

Não faltam obstáculos ao Brasil para resolução do problema, mas o primeiro passo pode ser dado agora, com o repúdio à naturalização da desigualdade./

Falta ainda, mais de 500 anos depois da chegada dos portugueses, valorizarmos quem foi esquecido por séculos. Também é preciso ter a clareza de que o combate à desigualdade social deve ser um projeto republicano, já que a questão não será resolvida durante o período de um mandato. 

É necessário e urgente um plano para o desenvolvimento do Brasil como um todo, incluindo esforços nos direitos básicos, como saúde e educação.


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