Meritocracia para poucos

Os levantamentos não mostram uma novidade e tampouco deixam escondidos os desequilíbrios que rondam o país, seja por questões raciais, de renda ou geolocalização. 

O Brasil é um dos países com o maior número de pessoas que sequer possuem um diploma do ensino médio. A porcentagem chega a mais da metade dos adultos do país (52%), e o número reflete um dos nossos principais problemas sociais: as desigualdades.

Quando se trata do ensino superior, apenas 20% das pessoas com idades entre 25 e 34 anos, possuem um diploma de ensino superior, segundo o IBGE. A realidade é pior quando observamos os contrastes regionais. No Distrito Federal, por exemplo, 33% dos jovens chegam à universidade. Já no Maranhão, a taxa é ainda mais baixa: são apenas 8%. 

Os levantamentos não mostram uma novidade e tampouco deixam escondidos os desequilíbrios que rondam o país, seja por questões raciais, de renda ou geolocalização. 

Precisamos fortalecer as ferramentas que já temos em mãos, como as cotas e outras políticas de ação afirmativa. Compreendê-las e aplicá-las como maneiras de reparar dívidas históricas que temos, como sociedade, com uma parcela da população que ao longo de séculos foi desconsiderada do processo de oferta de oportunidades.

Os desafios que temos pelos próximos anos são inúmeros, mas serão ainda maiores se não colocarmos de lado nossos atritos e nos enxergarmos como nação, na qual todos deveriam ter acesso à educação e outros serviços públicos. 

É preciso pensar na política de cotas como uma maneira de frear o ciclo contínuo de injustiças e um caminho para o reequilíbrio do acesso às oportunidades. As ações afirmativas nas universidades não são a única solução para se promover a integração social, mas devem ser valorizadas – especialmente em um país onde a educação muitas vezes é usada para garantir a hegemonia de um grupo social dominante.


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