#cadeoministro

Embora desejável, o ministro da Saúde não precisa ser médico. No entanto, o mínimo que se espera é um profissional com capacidade técnico-científica e experiência em gestão pública à altura do desafio.

O Brasil registrou ontem 1.277 novas mortes pela Covid-19 e quase 48 mil novos casos. Desde o começo da pandemia, mais de 1,5 milhão de brasileiros foram infectados e quase 62 mil morreram pela doença. Números que podem estar subnotificados em até 14 vezes, segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo.

Mesmo com o agravamento da situação, o Ministério da Saúde está sem titular desde o dia 15 de maio, quando o oncologista Nelson Teich deixou o cargo após divergências com o presidente Jair Bolsonaro. O posto está sendo ocupado, interinamente, pelo secretário-executivo do Ministério, general Eduardo Pazuello, que não tem experiência prévia na gestão da saúde.

A gravidade da situação fez com que a semana começasse com o movimento apartidário da sociedade civil, encabeçado pela Cause. O #cadeoministro tomou forma nas redes sociais, com direito à tuitaço e reportagens em grandes veículos da imprensa, pressionando pela nomeação de uma liderança capaz de promover diálogo e articulação. Catraca Livre, Huffington Post, associações de pacientes como FEMAMA e Oncoguia, além de celebridades e deputados apoiaram a causa, atingindo mais de 3 milhões de pessoas, somente no Twitter.

CADÊ A LIDERANÇA?

Embora desejável, o ministro da Saúde não precisa ser médico. No entanto, o mínimo que se espera é um profissional com capacidade técnico-científica e experiência em gestão pública à altura do desafio.

Enquanto isso, as gestões estaduais seguem sem um direcionamento. Para piorar a situação, as metas estabelecidas pelo próprio Ministério da Saúde estão longe de serem cumpridas. Entre elas, a ampliação de testes para a população, a criação de centros de diagnósticos emergenciais, respiradores e leitos para UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Há impacto também na transparência de prestação de contas à sociedade. No início de junho, o site do Ministério da Saúde saiu do ar por um tempo e, quando retornou, não exibia dados completos sobre a pandemia, tornando mais opaco um processo que deveria ser de total clareza.

NÃO É SÓ A COVID-19

O Ministério da Saúde é a pasta de maior orçamento da União: no início de 2020, foram aprovados mais de R$ 122 bilhões para a pasta.  Grande parte deste orçamento é destinado à manutenção do maior sistema público de saúde do mundo (SUS), que busca atender as necessidades de, pelo menos, 150 milhões de brasileiros.

Além disso, o SUS centraliza consultas, exames, diagnósticos e medicamentos para cerca de 57 milhões de cidadãos que sofrem com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer. Os números dão dimensão do tamanho do buraco que se encontra a saúde no Brasil. Por isso que, até que isso mude, não podemos deixar que cobrar: #cadeoministro.


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