Who run the world? Causa da Semana é celebração da Música Transformadora

Música e engajamento: Kendrick Lamar e Beyoncé têm se destacado pelas obras com tom político (Crédito: Cortesia)
Dois artistas americanos fizeram história esta semana.
Beyoncé Knowles, a primeira mulher negra a figurar entre as atrações principais do festival de música Coachella, e Kendrick Lamar, primeiro artista da música popular a ser laureado com o Pulitzer.
O que há em comum entre os dois feitos?
As performances e obras marcadas pelo tom político e referência à questão racial nos Estados Unidos.
Para celebrar a arte pop como instrumento de engajamento social, elegemos a MÚSICA TRANSFORMADORA como Causa da Semana.
A apresentação de Beyoncé, no sábado (14), marcou a volta da artista aos palcos após o nascimento de seus gêmeos, Rumi e Sir.
A cantora mostrou a que veio. A apresentação, de quase duas horas, foi marcada pelo tom engajado e performance impecável dela e de seus quase cem dançarinos.
A reação foi instantânea: rendeu elogios de artistas, dos críticos e das redes sociais — só no sábado, a apresentação foi mencionada mais de 2,8 milhões de vezes no Twitter.
Artigo do The New York Times se referiu ao show da artista como uma exaltação à mulheridade negra.
Ela cantou “Lift Every Voice and Sing”, muitas vezes tomada como o hino negro norte-americano, incorporou trechos de discursos de Malcolm X e Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana que aborda questões raciais e de gênero, e balançou a cabeça em “Lilac Wine” de Nina Simone.
Na segunda (16), foi a vez do rapper Kendrick Lamar fazer história: seu álbum “DAMN”, de 2017, foi a primeira obra popular a receber o prêmio Pulitzer desde que a categoria musical foi criada em 1943.
Descrito pelo Pulitzer como “uma coleção virtuosística de canções unificadas por sua autenticidade vernacular e dinamismo rítmico que captam a complexidade da vida afro-americana moderna”, o álbum fala de um país racialmente segregado e desigual.
As duas notícias são um alento numa semana em que um dos ícones da imprensa americana, a revista National Geographic, reconheceu seu passado racista e se comprometeu com uma mudança de postura.
O que Beyoncé e Kendrick Lamar mostraram essa semana é a prova de que o entretenimento é uma ferramenta poderosa de engajamento político. E que as mudanças que o mundo tanto precisa podem — e devem — ser saudadas ao ritmo de música.