Temos uma boa notícia de Brasília (acredite: isso é possível)

Protesto de rua em São Paulo: participação cívica é prerrogativa para a democracia (Crédito: Getty Images)
Em meio ao vai e vem das votações sobre a reforma política que deu o tom da semana em Brasília, é possível – com certa dose de boa vontade – identificar ao menos um motivo para manter a esperança.
Por pura pressão de diversos grupos da sociedade, os deputados rejeitaram o estabelecimento de um valor fixo para o fundo que financiaria campanhas eleitorais a partir de 2018.
Caso fosse aprovado, o fundo já destinaria 3,6 bilhões de reais do Orçamento para as eleições do ano que vem – um valor que beira o absurdo para um país que acaba de revisar para cima o tamanho do déficit das contas públicas.
Por entender que esse retrocesso só foi contido por uma legítima intervenção da sociedade, elegemos a participação cívica como a Causa da Semana.
Uma das principais manifestações contrárias ao fundo veio dos movimentos cívicos que têm agitado os bastidores da política nacional. Até o fechamento desta Causa da Semana, a plataforma Reforma que Queremos, lançada pelo coletivo Nova Democracia, recebeu mais de 28 mil mensagens de cidadãos que exigem mais transparência nas discussões sobre as novas regras do sistema político.
O Nova Democracia é formado por grupos como Agora!, Acredito, Quero Prévias e Brasil 21. A plataforma Reforma que Queremos recebeu o apoio de instituições como Avaaz, Instituto Ethos e Congresso em Foco. Uma das bandeiras é a criação da cota cidadã, mecanismo em que o próprio eleitor possa definir como quer que o fundo eleitoral seja distribuído.
A união de diversos grupos com propostas para o futuro do Brasil é algo a se celebrar. Diante da divisão da sociedade e da falta de legitimidade dos governantes, a participação cívica é uma via efetiva no fortalecimento da democracia.
Num momento em que decisões importantes são tomadas em Brasília, é urgente que a sociedade reviva a insatisfação que a levou às ruas em 2013 e se empenhe, de maneira construtiva e democrática, em gerar respostas para o futuro do país.
Ao que tudo indica, a semana que passou deu uma forte demonstração de que as mudanças de que o Brasil precisa dependerão do esforço dos cidadãos comuns em participar da política. Nenhum de nós pode ficar de fora.