República de Bananas
Na quarta-feira, após a divulgação de um resultado fraco do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, Jair Bolsonaro escalou um humorista para responder às perguntas da imprensa sobre a economia. O ocorrido, foi mais uma prova, entre tantas outras já apresentadas aqui, de que o Brasil está no caminho para se tornar, de fato, uma República de Bananas.
O humorista, contratado pelo Presidente, chegou a distribuir bananas aos jornalistas que se reúnem diariamente para a cobertura da saída de Bolsonaro do Palácio da Alvorada. O desrespeito com a imprensa ocorreu um dia depois do governo federal ter divulgado a reedição de uma cartilha sobre a proteção de jornalistas e comunicadores no Brasil.
O documento prevê que “as autoridades públicas têm a obrigação de condenar veementemente agressões contra jornalistas” e que “os agentes do Estado não devem adotar discursos públicos que exponham jornalistas”. Em pouco mais de um ano, é uma verdadeira infelicidade que tenhamos visto apenas comportamentos opostos a proposição.
A irritação com a imprensa, porém, é seletiva. Enquanto acusava veículos de fake news nesta semana, o Presidente também autorizava a volta de sorteio de prêmios na televisão.
O retorno das ações era uma grande demanda de alguns canais de TV, que, coincidentemente, também se declaram abertamente apoiadoras de Bolsonaro. Com a medida, as principais beneficiadas devem lucrar cerca de 5 milhões de reais por ano.
Diante dos fatos, já não é surpresa à disposição de Jair Bolsonaro em demonstrar sua total falta de noção, utilizando a imagem de principal liderança do país na propagação de ações que não agregam valores à sociedade, e ainda tem por objetivo humilhar uma classe significativa e relevante como a dos jornalistas. Para ele, o picadeiro parece ter se estabelecido na capital federal, embora até mesmo os palhaços tenham mais ciência sobre o momento a ser levado a sério.