Qual o recado desta garotinha a todos nós?

A política já foi responsável pela separação de aproximadamente 2 mil crianças de seus familiares. Regras dessa natureza costumam atingir com mão pesada os cidadãos de países mais pobres.

Menina hondurenha em busca asilo chora enquanto sua mãe é revistada e detida na fronteira entre México e EUA (crédito: John Moore/Getty Images)

O anúncio de que a crise mundial de refugiados se agravou no ano passado e a divulgação de uma imagem emocionante na fronteira dos EUA reacenderam o debate sobre as barreiras globais para a circulação de pessoas nos últimos dias.

Por isso, escolhemos como Causa da Semana o esforço por criar POLÍTICAS DE MIGRAÇÃO HUMANIZADAS.

O número de refugiados e deslocados internos no mundo atingiu um novo recorde em 2017, 68,5 milhões de pessoas, segundo anúncio da ONU na véspera do Dia Mundial do Refugiado (20/06).

É um acréscimo de mais de 3 milhões de pessoas na comparação com 2016.

Desses, 37% fugiram de seus países para escapar de conflitos políticos ou religiosos e de perseguições.

No Brasil, o número de estrangeiros que pedem asilo em 2017 foi mais que o dobro em relação ao ano anterior. A crise sociopolítica da Venezuela é a grande explicação.

Ainda assim, o Brasil é o país que mais acumula pedidos de refúgio na América Latina. Por aqui, o baixo número de servidores em órgãos federais de controle é uma das explicações para o gargalo.

Nos Estados Unidos, a migração também foi notícia ao longo da semana – mas por uma crise de hospitalidade.

A imagem de uma garotinha hondurenha de 2 anos chorando enquanto sua mãe era revistada na fronteira entre México e Estados Unidos causou comoção no país — e foi o destaque na impactante capa da revista Time.

Trump ‘encara’ menina migrante separada da mãe em capa da ‘Time’ (Foto: Reprodução)

O fato causou críticas à política de tolerância-zero adotada pelo presidente Trump. Desde abril, a determinação é que qualquer pessoa que cruze ilegalmente a fronteira do país seja julgada.

A política já foi responsável pela separação de aproximadamente 2 mil crianças de seus familiares. Regras dessa natureza costumam atingir com mão pesada os cidadãos de países mais pobres.

Um levantamento anual da consultoria Henley mostra quais são os passaportes mais facilmente aceitos em viagens a outros países e quais são aqueles que dão menor possibilidade de mobilidade.

Nessa escala, quem nasce na África ou no Oriente Médio tem muito menos chances de entrar em um país estrangeiro.

Está mais do que na hora de que os benefícios da abertura econômica global se reflita em bem-estar para mais gente. As notícias dessa semana, infelizmente, nos deixam a impressão de que estamos longe dessa meta.

Enquanto nossos países não tiverem estruturas adequadas para receber novas levas de migrantes e governos populistas se aproveitarem do sentimento nacionalista para barrar quem vem de fora, continuaremos presenciando cenas como as que vimos essa semana.

É duro reconhecer, mas, ao que tudo indica, nossa crise real é a de humanidade.


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