Por que não devemos mais tolerar racismo disfarçado de brincadeira?

Um comentário do youtuber Cocielo sobre o camisa 10 da seleção francesa causou polêmica esta semana (Crédito: Instagram/Reprodução)
Um tuíte deu o que falar esta semana.
O youtuber Julio Cocielo não só escancarou a discriminação que há nas redes sociais mas também colocou os holofotes sobre as marcas que não estão atentas a esse tipo de atitude.
Para analisar o papel dessas plataformas e a relação entre marcas e influenciadores, elegemos COMBATE AO PRECONCEITO NAS REDES SOCIAIS como Causa da Semana.
No sábado (30), durante o jogo Argentina x França, Cocielo postou um tuíte racista sobre o jogador Mbappé, da seleção francesa.
As reações foram imediatas.
se vc automaticamente faz a associação de um negro correndo a arrastão, eu sinto ao lhe informar, mas….. eu APOSTO que se fosse o griezmann com essa velocidade toda a piada seria bem diferente.
— NEYMARIELEM (@mvrielem) 30 de junho de 2018
A assessoria do @cocielo deve tá querendo matá-lo por ele fazer geral trabalhar em pleno Uruguai x Portugal apagando os tuites racistas dele. pic.twitter.com/IG9U8oWsHr
— Markos (@MarkosOliveira) 30 de junho de 2018
Embora o influenciador tenha apagado o post, com a justificativa de que havia feito uma brincadeira sobre a velocidade do jogador, não demorou muito até que publicações preconceituosas antigas começassem a aparecer.
De acordo com levantamento feito pelo Google, ele está entre as dez personalidades de vídeo que mais influenciam os jovens, junto a nomes como Flavia Calina, Felipe Castanhari e Felipe Neto.
Marcas que apoiam o influenciador também foram questionadas e tiveram que se posicionar.
Em resposta às acusações de racismo, Itaú tirou campanha do ar, Coca-Cola afirmou que não o considera mais para campanhas futuras e Adidas encerrou a parceria com o youtuber.
A polêmica também foi sentida na base de seguidores do influenciador — dono do quinto canal mais seguido no Brasil, Cocielo começou a perder assinantes após o ocorrido.
Na noite de quarta-feira (4), ele publicou em seu canal um vídeo pedindo desculpas. “Eu sei que agora, daqui pra frente, eu tenho que influenciar as pessoas que me seguem de forma positiva e com respeito a todos”, diz.
Episódios como esse costumam expor, em um primeiro momento, apenas o preconceito das pessoas diretamente envolvidas. Mas nunca é demais lembrar que Cocielo é só uma amostra (pequena, aliás) do racismo persistente em toda a sociedade brasileira.
Quando a polêmica perder força, será preciso continuar vigilante. Marcas com grandes audiências, que desempenham papel importante ao dar visibilidade a certas causas, precisam ficar mais atentas em relação às pessoas e valores a que se associam. Infelizmente, muitos Cocielos aparecerão no futuro – a diferença é que, diferentemente do passado, atitudes como essa não passarão mais.