Palavras de chumbo não merecem desculpas
📷 Paulo Pinto/Fotos Publicas
Nesta semana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro levantou a possibilidade de repetirmos um dos períodos mais violentos da nossa história, ao sugerir a instalação de um ”novo AI-5”, para combater uma suposta radicalização da esquerda.
A declaração, concedida durante uma entrevista, rendeu críticas pesadas de partidos da oposição, mas também de seus próprios colegas de partido.
Não satisfeito, no dia seguinte, na Câmara, o chamado “03” voltou a estimular a violência. Desta vez, disse que se houvesse manifestações políticas no Brasil como as que ocorrem atualmente no Chile, os manifestantes teriam que “se ver com a polícia”.
Declarações que atacam as instituições democráticas não são novidade quando partem de Eduardo e seus familiares. Não é preciso ir longe para se lembrar que no ano passado, ele já havia declarado que “para fechar o Supremo Tribunal Federal bastaria mandar um soldado e um cabo”.
O desconhecimento e o desprezo pelos valores democráticos ficam evidentes quando percebemos que as insinuações foram feitas justamente pelo deputado federal mais votado da história – alguém eleito pelo povo e que ignora o sistema político que o alçou ao poder.
Ao falar em um “novo AI-5”, Eduardo Bolsonaro ultrapassa o limite da liberdade de expressão, tão valorizada em regimes democráticos, quebra o decoro e faz apologia ao crime ao defender a ditadura. As declarações são graves e contrárias à Constituição. Portanto, são uma ameaça à democracia brasileira.
Nossas instituições não são negociáveis. Pedir desculpas, no final das contas, vale muito pouco se os impropérios continuam a ser soltos dia após dia e alimentam ainda mais a divisão do país. O melhor, nesse caso, seria manter-se calado.