O Brasil se mobilizou e o governo recuou: como a pauta socioambiental ganhou a semana por pura pressão popular
Na última semana, a pressão da opinião pública foi decisiva para evitar um retrocesso ambiental no Brasil. Na segunda-feira (28), o presidente Michel Temer revogou o decreto que acabava com a Reserva Nacional de Cobre e Seus Associados (Renca), área protegida entre os estados do Pará e do Amapá com tamanho equivalente ao Espírito Santo.
O episódio mostrou a força da pressão popular pela sustentabilidade – o que nos fez eleger o tema como a Causa da Semana.
Na prática, o fim da Renca tinha como objetivo tornar a área mais atrativa para investimentos do setor de mineração. O problema é que o território se sobrepõe a diversas áreas de preservação socioambiental – e sua eventual extinção foi interpretada como uma ameaça às populações nativas.
“O governo brasileiro tem a obrigação de consultar os povos indígenas antes de tomar suas iniciativas que podem afetar o seu modo de vida, as suas terras tradicionais”, declarou o líder indígena Jawarawa Waiãpi.
Diversas figuras públicas também se manifestaram. A modelo Gisele Bündchen, embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, fez pressão pelo Twitter: “Vergonha! Estão leiloando nossa Amazônia! Não podemos destruir nossas áreas protegidas em prol de interesses privados”.
Após dezenas de manifestações, a hashtag #TodospelaAmazonia chegou aos trending topics do Twitter. Um abaixo-assinado também foi criado pelo movimento 342Amazonia, ligado ao Greenpeace, para angariar apoio contra a medida.
Ao longo da semana, o decreto também foi alvo de contestações judiciais. A Justiça Federal em Brasília, por exemplo, determinou na quarta (30) a suspensão imediata de “todo e qualquer ato administrativo” que busque extinguir a Renca.
Por trás da pressão contrária à medida do governo está a consciência de que é possível gerar desenvolvimento econômico na Amazônia preservando a biodiversidade e a história dos povos nativos
As empresas têm papel fundamental para fazer fechar essa equação. Aqui na CAUSE, acompanhamos os esforços da Amata, uma empresa de base florestal, para desenvolver o mercado de construção civil em madeira. Essa é uma forma de gerar interesse comercial por matéria-prima certificada e renovável.
Também acompanhamos iniciativas como a Origens Brasil que incentiva empresas a manter relações comerciais éticas com populações nativas de territórios protegidos.
Manter as florestas em pé deve ser um compromisso não só de empresas e organizações, mas também do cidadão comum. É por isso que a mobilização dessa semana é tão importante para o país. Ela demonstra que, em meio a tantos assuntos de repercussão nacional, a opinião pública está alerta para possíveis ações que ameacem nossos maiores patrimônios naturais.