Mortalidade infantil volta a preocupar o Brasil depois de anos em queda

Mortalidade infantil: índice volta a crescer após 26 anos (Crédito: iStock)
Uma notícia desta semana nos faz lembrar que mesmo algumas causas aparentemente resolvidas podem voltar a se agravar quando a sociedade baixa a guarda.
Pela primeira vez desde 1990, mortalidade infantil voltou a crescer no Brasil em 2016 – e a expectativa é que a taxa de 2017 também seja superior à de 2015.
Dada a gravidade da notícia, elegemos o COMBATE À MORTALIDADE INFANTIL como a Causa da Semana.
Os dados, divulgados pelo Ministério da Saúde, atribuem o crescimento à epidemia do zika vírus e à crise econômica.
Em 2016, o Brasil registrou 14 óbitos infantis a cada mil nascimentos – um aumento de 5% em relação a 2015.
Desde 1990, vínhamos apresentando uma redução anual da taxa acima da média global – 4,9% contra 3,2%, de acordo com a Unicef.
De acordo com a Fundação Abrinq, o resultado pode estar relacionado ao corte de verbas e contingenciamento de programas como o Bolsa Família e a Rede Cegonha, de apoio às mães na gestação e puerpério.
Como se não bastasse o aumento da taxa de mortalidade, outros dados de saúde apresentaram piora.
O avanço da poliomielite, doença considerada erradicada no país, voltou a preocupar o Ministério da Saúde.
De acordo com comunicado divulgado pelo órgão, em 312 municípios brasileiros, menos de 50% da população está vacinada.
Entre as razões, além da queda da cobertura vacinal desde 2014 apontada pelo Ministério da Saúde, estariam a falsa sensação de segurança da população por não ter notícia sobre casos.
Segundo Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, o desconhecimento dos novos profissionais de saúde que nunca tiveram que lidar com essas doenças também colabora com o quadro.
Pelos motivos apresentados pelos diferentes órgãos, fica claro que o Brasil falhou em de seus objetivos mais primordiais – o de proteger as novas gerações de brasileiros.
Frequentemente falamos nesse espaço sobre causas ligadas à boa convivência, à democracia e aos direitos humanos. Falar de combate à mortalidade infantil, nos dias de hoje, parece um retrocesso sem tamanho. É o retrato de um Brasil que deveríamos ter deixado para trás – mas que, infelizmente, precisa ser novamente encarado.
Esse é o momento em que a sociedade precisa se manifestar pela defesa da manutenção de investimentos em saúde básica. Crise alguma deveria ser justificativa para a volta de um problema tão básico – e de consequências tão desastrosas.