Estas duas mulheres nos lembram que o racismo velado ainda é praga a ser combatida

A tenista Serena Williams e a advogada Valéria dos Santos passaram por episódios de discriminação de gênero e racial esta semana (Créditos: Reprodução Youtube; Divulgação/Bruno Marins/OAB RJ)
Esta semana, o noticiário estampou dois exemplos da discriminação velada que ainda impera em nossa sociedade.
No sábado, 8 , na final do U.S. Open, a tenista Serena Williams protagonizou uma discussão com o árbitro português Carlos Ramos após ter sido punida por receber orientação do técnico (o que é proibido), e depois quebrar a raquete em pleno jogo.
“É porque sou mulher, sabe disso! Se fosse um homem, não faria isso”, ela protestou.
O desabafo em quadra reacendeu as discussões sobre o machismo dentro do tênis.
Aqui no Brasil, na segunda, 10, a advogada negra Valéria dos Santos foi algemada durante uma audiência.
Valéria defendia uma consumidora e foi enquadrada após a juíza Ethel Tavares de Vasconcelos não permitir que ela tivesse acesso a um documento.
A advogada, posteriormente, contou que é comum ser menosprezada em seu ambiente de trabalho por ser negra.
Diante dos casos, elegemos como Causa da Semana o Combate à Discriminação Velada.
A reação de Serena Williams gerou controvérsia. A ex-tenista tcheca naturalizada americana Martina Navratilova, por exemplo, escreveu um artigo para o The New York Times dizendo que nada justifica o chilique de Serena, embora reconheça que há disparidade no tratamento entre homens e mulheres no tênis.
Já a britânica BBC escolheu outro caminho. Enquanto muitos apontaram o passado explosivo de Serena, o site chamou a atenção para o estereótipo da mulher negra raivosa, uma herança dos Estados Unidos do século XIX.
Aqui no Brasil, não houve espaço para relativização. Diante do inegável episódio de racismo contra a advogada Valéria do Santos, diversas organizações cobraram providências. A OAB chegou a sugerir o afastamento da juíza.
Tratamentos diferentes para minorias podem não parecer discriminação à primeira vista, mas quando há um abuso de força – ou mesmo de poder –, é hora de questionar a sociedade sobre o que está por trás disso.
A julgar pelos casos que vimos nos últimos dias, nem sempre a interpretação é a mais objetiva possível. O que não é mais admissível, em pleno 2018, dois casos de racismo velado ganhem as manchetes.