Estamos diante de um grande erro na educação. Por quê?
Em meio a uma série de reajustes no governo, quem pagou a conta nesta semana foram as universidades, com a redução de verbas para instituições federais que “promovem balbúrdia” e para cursos específicos, como filosofia e sociologia.
As declarações completam um cenário pouco otimista, com bolsas de pesquisa atrasadas e possibilidade de mais cortes na área.
Para reafirmar a importância de uma educação de qualidade e da necessidade de não aceitar retrocessos na área, escolhemos a VALORIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR como a #CausaDaSemana.
O que parecia ruim para algumas universidades acabou mal para todo o ensino superior federal do país.
Isso porque o ministro da Educação, Abrahm Weintraub, que havia anunciado o corte de verba para apenas três instituições, resolveu estender a redução de verba para todas as universidades federais depois de ser acusado de praticar retaliação contra as instituições.
Com a redução de receita, algumas universidades temem não conseguir manter as portas abertas. E o futuro nos recursos para o Ensino Superior não devem voltar tão cedo.
O diretor editorial do portal Nova Escola, Leandro Beguoci, participou do podcast Café da Manhã, da Folha, para tentar entender a efetividade da medida proposta pelo governo.
Para Beguoci a medida é irresponsável. “Da forma como está sendo feita ela vai afetar as pessoas mais pobres que trabalham nas universidades, os funcionários terceirizados, a alimentação dos estudantes e a estrutura mais básica, como água, luz e materiais de laboratório”, diz.
O primeiro sinal de que as coisas não iam bem veio ainda no final da semana passada, com a redução de investimentos em cursos de filosofia e sociologia.
Para o governo a conta é simples: trata-se de uma necessidade de readequar a verba a realidade do país e focar em áreas que gerem “retorno mais imediato”, como veterinária, engenharia e medicina.
A notícia da redução de verbas foi comentada pelo jornal The Guardian, que ressaltou a importância dos cursos de humanas na capacidade de interpretação do mundo e resolução de problemas da sociedade.
Apesar das notícias tristes, elas não são uma novidade. Nos últimos 4 anos o Brasil reduziu o investimento em educação em 56%. E assim seguimos longe de ser uma potência na inovação.
No ranking mundial, que avalia 126 países, o Brasil ocupa a 64ª na classificação geral, mas apresenta uma piora na posição do índice em diversos aspectos, como graduados em engenharias e ciências (79º), instituições, (82º), ambiente de negócios (110º) e formação de capital bruto (104º).
Dentro da região latino-americana, o Brasil ocupa a 6ª colocação, atrás de países como Chile, Costa Rica e México.
Os desafios da educação no país não são poucos e, no entanto, parecemos cada vez mais propensos a tapar o sol com a peneira e ignorar que os tempos são outros.
Já não basta ter apenas o conhecimento técnico. O governo parece ter esquecido do objetivo principal da educação: formar um cidadão completo, capaz de olhar de maneira crítica para o mundo e que seja capaz de exercer sua cidadania.
É nosso dever, como cidadãos, cobrar nossos representantes para que eles não esqueçam que a escola é o primeiro lugar em que aprendemos a nos relacionar e conviver em sociedade – uma aula a que muitos deles, aliás, parecem ter faltado. É preciso deixar claro, sobretudo, que a pior balbúrdia é feita por aqueles que ignoram que não há futuro sem educação.