Charlottesville e a causa que ninguém deve esquecer. Jamais

Estátua do general confederado Robert Lee em Charlottesville: derrubada do monumento desencadeou manifestações de ódio
A última semana foi marcada por uma onda de intolerância nos Estados Unidos. No último sábado (13), um confronto entre racistas e manifestantes pró-direitos humanos em Charlottesville, na Virgínia, deixou três mortos e mais de 30 feridos. Entre as vítimas está a ativista Heather Hayer.
Custa acreditar, mas a ideia de que negros, gays, imigrantes e judeus são inferiores ainda ecoa em alguns grupos da sociedade. É por isso que elegemos o combate ao ódio como a Causa da Semana.
O episódio de Charlottesville ocorreu em meio a um intenso debate sobre a retirada de monumentos que aludem à Confederação, o levante dos Estados do Sul pela manutenção da escravidão de negros que culminou na Guerra Civil Americana (1861-1865).
O presidente Donald Trump foi duramente criticado por demorar em condenar os grupos extremistas que apregoam o ódio às minorias. Na segunda-feira (14), dois dias depois do ataque, ele foi mais enfático: “O racismo é maligno e aqueles que causam violência em seu nome são criminosos e bandidos”, afirmou.
Nos últimos dias, o país rendeu homenagens às vítimas.
O argumento da supremacia racial produziu alguns dos episódios mais sombrios da História. Ainda que não faltem filmes, museus e monumentos que mantêm vivo o horror da guerra em nosso imaginário, o ódio persiste em se manifestar e fazer vítimas.
Trata-se de uma situação à qual a sociedade não pode fazer vista grossa – e as reações têm sido rápidas. Executivos de empresas como a farmacêutica Merck, a marca esportiva Under Amour e a gigante de tecnologia Intel deixaram os conselhos empresariais da presidência em protesto à demora do repúdio de Donald Trump. O presidente optou por suspender as atividades dos órgãos.
O Airbnb cancelou reservas de usuários identificados como racistas. Outras empresas de tecnologia e de finanças impuseram restrições aos simpatizantes da marcha supremacista.
É um fio de esperança para quem não tolera mais a conivência com o absurdo.