Brasil faz feio no ranking da corrupção – mas a Causa da Semana traz um fio de esperança
A Transparência Internacional divulgou, na quarta-feira (21), seu tradicional Índice de Percepção da Corrupção – e a nota do Brasil nunca esteve tão ruim.
Em relação ao ano passado, caímos 17 posições. Ocupamos hoje o 96º lugar numa lista de 180 países – atrás de Sri Lanka, Burkina Faso e Arábia Saudita.
A notícia é apenas a constatação de um mal que assombra o Brasil há tempos – não custa lembrar que Corrupção foi a Palavra do Ano em 2017, segundo pesquisa da CAUSE e do Instituto Ideia Big Data feita com cerca de 11 mil brasileiros.
Se não há nada de novo, o que nos faria eleger o Fim da Corrupção como a Causa da Semana?
É que, ao que tudo indica, o país acaba de dar um passo importante em direção ao combate de uma de nossas principais mazelas.
Na segunda-feira (19), o lobby foi reconhecido como ocupação pelo Ministério do Trabalho.
Na descrição do Ministério, o profissional de relações institucionais e governamentais “atua no processo de decisão política, participa da formulação de políticas públicas e estabelece estratégias de relações governamentais, analisando os riscos regulatórios ou normativos e defendendo os interesses dos representados.”
De acordo com a Transparência Internacional, a defesa legítima de interesses, por meio de mecanismos como o lobby, é uma das maiores armas contra a corrupção.
No atual estágio das coisas, o reconhecimento da ocupação de lobista é um aceno para a própria regulamentação do lobby, tema discutido no no Congresso há quatro décadas.
Existe a expectativa de que, ainda no primeiro semestre, entre em votação na Câmara um projeto de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) apresentado pela primeira vez em 2007.
O texto prevê que as reuniões e audiências de lobistas com autoridades devem estar na agenda oficial – e que o agente público que receber quaisquer vantagens para atender à reivindicação de alguma empresa ou setor econômico poderá ser processado por crime de improbidade.
Em um país castigado por frequentes escândalos de corrupção, toda e qualquer tentativa de imprimir mais transparência à defesa de interesses é bem-vinda. Munir a sociedade com mecanismos de vigilância é primordial em qualquer democracia. A partir disso, quem sabe, teremos mais chances de identificar e punir corruptores e corruptos.