Afetadas pela seca severa, comunidades recebem filtros comunitários para tratar água barrenta
Vinte e cinco comunidades da várzea do município de Santarém e Oriximiná foram beneficiadas com a distribuição de filtros coletivos. Iniciativa é fruto da soma de esforços do Projeto Saúde e Alegria, Sanofi, Água Segura e CAUSE, em parceria com a Sapopema e Colônia de Pescadores Z-20
Uma grande operação logística iniciou nesta semana para atender 7.415 pessoas dos PAE’s Urucurituba, Aritapera, Tapará e regiões Arapixuna, Arapiuns (Santarém) e Nhamundá (Oriximiná). A expedição ocorreu em novembro de 2023, atendendo 25 comunidades.
Os filtros comunitários doados são de alta capacidade e possibilitam a remoção de impurezas da água, que neste período de intensa estiagem, ficam impróprias para o consumo. “Esse filtro foi feito para essa região. É irônico morar no lugar onde mais tem água do mundo, mas não tem acesso a água potável. O filtro age exatamente nesse problema porque qualquer água pode ser usada e vai ser transformada em água potável. A tecnologia trata com processo físico de separação entre bactérias, vermes e protozoários”, explica o biólogo da Água Segura, Gabriel Nunes.
A coordenadora do Programa de Infraestrutura Comunitária do PSA, Jussara Salgado, complementa que o filtro é composto de nanotecnologia, uma micromembrana que faz a retenção de até 99,9% de vírus e bactérias, tornando a água potável e própria para consumo, e que quando “passa pelo filtro, se torna potável e pode ser ingerida, melhorando a qualidade de vida da população, diminuindo os índices de doenças de veiculação hídrica”.
A seca severa ampliou as dificuldades para conseguir água limpa nesses territórios. A medição do nível do rio, à época da operação, marcou 20cm – 64cm a menos que a maior estiagem de 2010. Muito abaixo da média, os moradores contam que fica impossível utilizar a água para o consumo: “Esse ano foi muito difícil. Muita dificuldade de acesso à água. A gente puxava água do rio e tomava imprópria. Agora com esse projeto, vai beneficiar nossa comunidade e melhorar muito a saúde da nossa população”, contou Jessé Campos da comunidade Santa Terezinha, região do Aritapera.
Sem alternativas, a maior parte dos comunitários mapeia áreas onde a água está menos barrenta. Isso condiciona a longas caminhadas, conta a liderança de Ilha de Bom Vento, região do Arapixuna, Cristina Santos: “A distância é muito longa para coletar água potável. São muitos quilômetros para chegar até os lagos e tanto áreas de várzea como terra firme sofrem com isso”.
A presidente da Associação do Quilombo Surubiú Açú, Roseane Cardoso, relatou que o índice de diarréias por ingestão aumentou nos últimos meses. A família se organizou para buscar na cidade água mineral: “Eu toda semana compro cinco galões de água porque a água do rio não serve pra consumir. Pra beber não presta porque está muito barrenta e de manhã amanhece com um negócio verde”.
As comunidades selecionadas são as que se encontram nas zonas mais impactadas pelas águas barrentas e contaminadas por despejo inadequado de dejetos. Um processo discutido com as organizações de base por meio da ONG Sapopema e Colônia de Pescadores Z-20. “A gente conversou com nossos parceiros como Z-20 e os conselhos regionais de pesca para fazer o mapeamento das comunidades que precisam de um filtro coletivo para ter um melhor acesso à água. Aqui na região de várzea a água é um problema. Ter acesso a água potável é um grande desafio e a demanda é muito grande. Todas as comunidades têm essa necessidade. Mas aí a gente mapeou as que estão mais necessitadas que sofrem mais o impacto da estiagem”, contou a pesquisadora Neriane da Hora.
Durante as distribuições, são ministradas oficinas de higiene e manutenção dos filtros, para autogestão comunitária. As tecnologias ficam nas escolas municipais para o uso coletivo.
“Um instrumento que chegou agora pra nós e vai ter uma importância muito grande. Devido nós estarmos enfrentando essa estiagem muito grande esse ano, muitas famílias e crianças estão sofrendo com infecções intestinais. Esse filtro vem amenizar a situação” – Manoel Rego, presidente da Associação Piracaoera de Cima.
“A gente faz a filtragem da água para que os comunitários possam usar. Esse filtro veio para somar o cuidado para evitar vômito e diarreia que ainda assola muito a nossa população por conta da poluição dos rios” – Nelma Figueira, ACS de Pinduri.
“A nossa água está muito ruim. O filtro faz com que a nossa água fique boa pra nós e nossas crianças” – Olane Rego, Surubiu Açu.
Complexa logística amazônica
Montar um roteiro de viagem para qualquer comunidade da Amazônia é um grande desafio. É preciso programar o roteiro, com quantidade de tripulantes, calcular combustível e alimentação necessários, traçar a rota do dia, calcular o horário de uma localidade para outra e as entregas irão acontecer de lancha ou de barco. Uma dinâmica multiplicada pelo número de comunidades atendidas nesta expedição: 25!
Com a estiagem severa, foi preciso ter agilidade para mudar os planos durante toda a jornada e encontrar soluções para desembarcar os filtros e fazer as formações necessárias. “Onde ancorar a embarcação e pernoitar com segurança por conta da dinâmica do tempo amazônico… Tudo isso vai pra ponta da caneta”, destaca a Técnica de campo do PSA, Ana Costa.
A área também sofre influência da maré, contam os pescadores. Alguns canais possíveis de navegar em parte do dia, fecham, o que impõe novas mudanças no roteiro da viagem, dificultando a previsão do horário exato de chegada nas comunidades já mobilizadas e sem acesso regular a sinal de telefonia e internet. “Nesse período em que a estiagem está sendo imensa tem uma dificuldade a mais de fazer chegar nas comunidades”, ressalta Ana.
Apesar disso, os esforços da equipe em campo e das equipes logísticas do Saúde e Alegria, são reconhecidos com os agradecimentos:
“Vai ajudar muito na nossa comunidade, principalmente na nossa escola. Estamos vivendo uma situação muito difícil por conta da estiagem. A gente estava muito precisando de um filtro pra ter uma água boa, de qualidade, potável para ser usada com as nossas crianças. Vai ajudar a diminuir as doenças que a gente sofre” – Sandra dos Santos, Gestora da Escola Santa Cruz.
“Vem contribuir com a melhoria e qualidade de água para nossa população. Mais qualidade de vida porque esse filtro vai melhorar o tratamento da água. Essa água é muito barrenta. Hoje com o recebimento desses filtros vai melhorar cada vez mais” – Joedna Carvalho, enfermeira Boca de Cima do Aritapera.
O projeto Água Segura
Desde 2020, o projeto Água Segura – desenvolvido por Sanofi, Água Segura e CAUSE – visa combater a mortalidade infantil nas regiões mais endêmicas do Brasil. A ação é viabilizada pela campanha Você Compra & Enterogermina Doa, através da qual consumidores podem contribuir diretamente com a causa, ao adquirir o probiótico dentro do período de ativação.
A iniciativa já atendeu mais de 50 comunidades da região amazônica, entre os estados do Pará e Amazonas, levando tecnologias modernas de filtragem de água e capacitação sobre saúde coletiva para mais de 20 mil pessoas.
Na fase mais recente, que corresponde à entrega no contexto da crise hídrica (relatada acima), o projeto Saúde e Alegria, em parceria com a Sapopema e Colônia de Pescadores Z-20, foram atores fundamentais para articular as entregas e engajar as populações impactadas.
Para saber mais sobre a campanha e desafio da mortalidade infantil por diarreia no Brasil, acesse o site https://www.enterogermina.com/pt-br/compraedoa.