50 anos de Stonewall – por que essa ainda é uma luta atual?
O medo de estar na própria pele, assumindo o que se deseja ser, causa consequências graves à saúde mental dos LGBTs.
Hoje, dia 28 de junho, completa-se 50 anos da Revolta de Stonewall. A data se tornou um marco na luta pelos direitos LGBT+ no mundo, depois que os frequentadores do bar nova iorquino, de mesmo nome, decidiram combater a opressão policial constante que sofriam no local. Meia década depois, ainda vale refletirmos sobre o que mudou de lá pra cá.
Diante de discussões atrasadas sobre a chamada “cura gay” e questões de gênero, elegemos a Defesa dos Direitos LGBT+ como a #CausaDaSemana, para tentar entender os avanços e retrocessos que cercam o tema.
O Brasil registra uma morte por homofobia a cada 23 horas. O número mantém o país entre os que mais matam LGBTs no mundo. E a violência contra o grupo extrapola as fronteiras geográficas. Onze nações ainda punem com morte as relações homossexuais e em 35% delas é perigoso se assumir LGBT+, de acordo com relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais.
O medo de estar na própria pele, assumindo o que se deseja ser, causa consequências graves à saúde mental dos LGBTs. Entre elas, há a tendência de se desenvolver doenças como depressão e ansiedade, além de um risco elevado de suicídio.
O mercado de trabalho também não é um espaço acolhedor. Para 66% dos profissionais LGBT+, se assumir publicamente é algo que pode prejudicar a carreira, segundo levantamento realizado pela Love Mondays neste ano.
Mas se nem tudo melhorou, vale ressaltarmos alguns avanços conquistados nesses 50 anos, como o reconhecimento da união homoafetiva e a possibilidade de mudança de nome em registro civil para transexuais e transgêneros.
O apoio de marcas à causa também vem crescendo – e algumas delas, vão além da mera adaptação de logotipos em redes sociais com as cores da bandeira LGBT+. A Amaro, que atua no mercado de roupas femininas, por exemplo, prometeu doar 100% do lucro obtido com as vendas de uma camiseta, estampada com a mensagem ‘Love Wins’, para a Casa 1, uma república criada para acolher este público.
Peças publicitárias da linha Color Trend, da Avon, usaram drag queens para promover produtos de beleza. Até empresas que não possuem uma ligação óbvia com a causa entraram nessa onda. A Shell, por exemplo, criou uma campanha falando de diversidade, com a história de uma caminhoneira trans.
A conquista mais recente a ser comemorada, no entanto, é a da criminalização da homofobia e da transfobia, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal, em 13 de junho deste ano. Com a decisão, o Brasil se tornou o 43º país a criminalizar o ato, o que mostra que o país está caminhando, mesmo que a passos lentos, rumo ao respeito à diversidade.Em um momento que a retirada de direitos aumenta, impulsionada pelo fortalecimento do conservadorismo no mundo, é preciso lembrar que a luta continua. E assim, quem sabe, em um futuro próximo, o dia 28 de junho possa ser motivo apenas de celebração.