É preciso ter consciência
Na quarta-feira desta semana, mais de mil cidades no Brasil celebraram o Dia da Consciência Negra. Mas enquanto algumas partes do país relembravam as lutas e os obstáculos vividos pelas pessoas negras, em pelo menos duas cidades o racismo resolveu, mais uma vez, dar as caras.
Uma das vítimas da intolerância foi Juarez Xavier. O professor de jornalismo foi chamado de “macaco” enquanto caminhava pela rua e, ao questionar a ofensa, foi atacado com um canivete.
O Rio de Janeiro também registrou um caso de discriminação. Durante o feriado, um grupo tentou impedir a realização de uma missa em homenagem ao Dia da Consciência Negra. Pelo menos três pessoas foram encaminhadas à delegacia.
A intolerância esteve refletida até nos representantes políticos. Na véspera da data, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou um quadro com dados sobre o genocídio negro e uma charge do cartunista Latuff. A obra mostrava um policial, que teria atirado em um jovem negro.
Mas não há só notícias ruins. A quantidade de pesquisas brasileiras sobre racismo e desigualdade racial, por exemplo, cresceu 28 vezes em 20 anos. Mas se no campo acadêmico a consciência sobre o passado escravista e desigual anda crescendo, ela ainda está longe de alcançar o restante da população.
Um estudo conduzido pela Rede Nossa SP mostra que 70% dos paulistanos dizem que racismo contra negros se manteve ou aumentou nos últimos 10 anos.
3 décadas após a aprovação da lei que torna o racismo um crime no país, pertencer ao grupo que representa a maioria da população continua sendo algo que não garante direitos.
Após esse 20 de novembro e os fatos vividos ao longo dessa semana, vale lembrar que ter consciência envolve conhecer e assumir os erros cometidos no passado. E, além disso, também garantir, nas atitudes do dia a dia, que as práticas racistas não se perpetuem.